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domingo, 8 de julho de 2007

Cavalheiro do Amor...



Um dia, numa praça, um jovem exibia seu coração,
o mais bonito daquela cidade.
Uma grande multidão se aproximou e admirou aquele coração,
pois era perfeito.
Não havia nele um único sinal que lhe prejudicasse a beleza.
Todos reconheceram que realmente era o coração mais bonito
que já haviam visto.
O jovem estava vaidoso e o ostentava com crescente orgulho.
De repente um velho homem, montado num cavalo,
surgiu do meio da multidão,
desceu ao chão e bradou:
"Seu coração nem de longe é tão bonito quanto o meu!"
O jovem e a multidão olharam para o coração do velho homem:
batia fortemente, mas era cheio de cicatrizes.
Havia lugares onde faltavam pedaços e também partes com enxertos
que não se encaixavam bem, que tinham as laterais ressaltadas.
A multidão se espantou: "
Como pode ele dizer que seu coração é mais bonito?"
O jovem olhou para o coração do velho homem e disse, rindo:
"O senhor deve estar brincando! Compare seu coração com o meu e veja.
O meu é perfeito e o seu é uma confusão de cicatrizes e emendas!"
"Sim" , disse o velho homem. "
O seu tem aparência perfeita mas eu nunca trocaria o meu por ele.
As marcas representam pessoas a quem dei o meu amor.
Eu arranquei pedaços do meu coração e dei a elas e, muitas vezes,
elas me deram pedaços de seus corações para colocar nos espaços deixados;
como esses pedaços não eram de tamanho exato,
hoje parecem enxertos feios e grosseiros,
mas eu os conservo como lembranças de amor que dividimos.
Algumas vezes eu dei pedaços do meu coração e as pessoas que os receberam
não me deram em retorno pedaços de seus corações:
esses são os buracos que você vê. Dar amor é arriscar.
Embora esses buracos doam, eles permanecem abertos,
lembrando-me do amor que tenho por aquelas pessoas,
e eu tenho esperança de que um dia elas me dêem retorno
e preencham os espaços que ficaram vazios.
Agora você consegue ver o que é beleza de verdade? "
O jovem ficou em silêncio, com lágrimas rolando por suas faces.
Caminhou em direção do velho homem,
olhou para o próprio coração e arrancou um pedaço,
oferecendo-o com as mãos trêmulas.
O homem pegou aquele pedaço,
colocou no coração e tirando um outro pedaço do seu,
colocou-o no espaço deixado no coração do jovem.
Coube, mas não perfeitamente, já que havia irregulares beiradas.
O jovem olhou para o seu antes tão perfeito coração.
Já não tão perfeito depois disso, mas muito mais bonito do que sempre fôra,
já que o amor do velho homem entrara nele.
Diante da multidão que os observava em respeitoso silêncio,
eles se abraçaram e saíram andando lado a lado, seguidos pelo cavalo,
cujas patas batendo no solo emitiam o som de corações pulsando ...
Como é o seu coração?
Quantas marcas de amor que trocamos trazemos em nosso ser?
Quantos espaços vazios deixamos em outros corações.

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